... Cada vez que eles me dizem que era eu quem devia ir visitá-los, que me querem ver, conhecer, falar comigo, saber como sou.
Grande parte nunca me viu, apenas me lê, ou me escuta (ou vice-versa). Ainda assim, são criados laços, empatias, são imaginados rostos. Mais tarde, no frente a frente, conseguimos ver as expressões que acompanham as palavras, os gestos que acentuam o discurso.
Os rostos, raramente se assemelham ao que imaginávamos, ao que a nossa mente desenhou quando lhes escutávamos a voz. Mas o carácter, a personalidade, a essência da pessoa, esses são exactamente como os vislumbramos. Aí eu raramente me engano. A minha paixão pelas pessoas, o observar dos comportamentos, o estímulo, a descoberta da manipulação desprovida de má-fé, o conhecer as reacções que advêem de uma determinada acção, qual cachorro de Pavlov, ajudaram-me imenso a estabelecer relações, principalmente naquelas mantidas a distância, com alguém que nos é totalmente desconhecido.
No final, acabamos por conhecer os principais traços de personalidade de uma pessoa a quem nunca vimos a cara. Mas digam o que disserem, no dia em que apertamos uma mão, damos um abraço apertado ou quando alguém vos beija (às vezes com três ou quatro beijos em cada face), aí sim, os laços são consolidados.
Se queremos que eles confiem em nós, que saibam que podem contar connosco no matter what, mais que o nosso serviço, a nossa eficácia/eficiência, temos de dar-lhes um pouco de nós, da nossa pessoa, da nossa amizade.
Por mais que sejam "apenas" negócios, alguém entra para sempre nas nossas vidas e nós entramos para sempre na vida de alguém.
E depois eu detesto ficar assim melosa e lamechas, mas é tão gratificante que eu não consigo evitá-lo.
[Rezam as más línguas, que "Eles" só gostam de mim até me conhecerem O feitiozinho. São minorias que me encontram de manhã antes de eu sequer tomar os primeiros cafés do dia.]
Imagem - Jessica Alba
1 comentário:
É verdade...
(e quem me conhece sabe que antes do primeiro café nem vale a pena dirigir-me a palavra...)
:)
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