quarta-feira, 30 de julho de 2014

Priceless

Gostava de poder traduzir melhor este sentimento, mas só quem vive estes dias todos os anos, consegue entender como os nossos corações se enchem de alegria e explicar a transformação que se dá em cada um de nós todos.
Assim sendo, há momentos que queria gravados para sempre, e se os deixar aqui, estou certa que será mais fácil garantir que não me esquecerei deles.
Priceless é:
Ver o meu pai abraçar a minha mãe enquanto vêem o fogo de artifício e ter a certeza que, após tantos anos, ainda se amam. Fazem-me querer acreditar que é possível.
Passar horas aos pulos com as minhas amigas em cima de paletes.
Chegar a casa às sete da tarde com os copos e com um sorriso nos lábios.
É deitar-me de manhã durante quatro dias e não conseguir dormir mais de três ou quatro horas.
É olhar para o lado e ver que as seis da manhã o nosso tio está com uma carroça pior que a nossa.
É quase sermos escoltados até casa a toque de vassoura pela nossa tia.
É ver que no dia seguinte o nosso tio está com uma ressaca maior que a nossa, mas felizmente nunca faltam comprimidos para a dor de cabeça.
É olhar para ti às cinco da manhã e durante dois ou três segundos ter vontade de te espancar.
É irmos os dois pela rua abaixo já em plena luz do dia, a discutir quem tem razão e eu à tua frente a dizer que não quero ouvir nada nem falar contigo.
É abraçares-me com força e chamares-me Rafeira. É eu fazer o meu papel de revoltada e soltar-me dos teus braços, Pulguento.
É quase esquecer que já amanheceu e que há pessoas na rua que não devem ver certas coisas.
É dizer à vizinhança que o caminho para casa está livre de polícia e que a única coisa que ainda pode estar em circulação são algumas carroças.
É saltar com ao som de Green Day com o meu maninho e companheiro fiel quando se trata desta banda da minha vida.
É brindar a amizade e saltar horas em euforia.
É contagiar todos aqueles que nunca viveram estas noites que  muitos de nós vivemos há anos.
É dançar abraçada à minha cunhada com o meu mano no meio.
Ver a minha vizinha sem voz e passar a noite a escrever num bloco de notas.
É arrepiar-me ao sentir que ainda tenho alguma fé e que por vezes é bom acreditar em algo de força maior que pode ajudar a levarmos a vida de uma forma menos pesada.
É deitar-me completamente esgotada e não conseguir dormir com tamanha euforia, felicidade e ansiedade.
É ver esse teu olhar e saber tão bem onde tu queres chegar.
É quase te matar quando andamos meia hora para chegar ao teu carro e no fim me dizes que o carro está em casa e que vamos voltar a pé. E eu tento controlar-me para não te matar à porrada até ver o teu riso de troça e saber que fazes de propósito para me ver passada.
É dar um beijo na testa do mano que mal consegue abrir os olhos quanto mais pronunciar palavras, e agradecer-lhe por estar sempre comigo.
É não ter sono a esta hora e daqui a nada insultar-me a mim mesma por não ter ido dormir mais cedo.

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