terça-feira, 24 de dezembro de 2013

SWG

Apareceste quando eu menos esperava. Quando eu tinha a certeza que era o momento de deixar o meu coração descansar finalmente. Descansar de anos de incerteza, insegurança, sofrer em silêncio, sorrir quando por dentro chorava.

Não me deste tempo. Quando me apercebi já estava a viver uma realidade para a qual não estava preparada. Já estava a ser o centro da tua atenção, do teu carinho. Aos poucos todo o meu dia era vivido e partilhado contigo. Mesmo distantes, estávamos tão perto.

Cada momento contigo era de uma intensidade assustadora. De uma química inexplicável. De uma doçura que eu não tinha capacidade de entender, de aceitar e de retribuir incondicionalmente. Não porque eu não quisesse entender. Não porque eu não quisesse retribuir. Mas porque eu tinha medo de entregar-me a algo que me deixasse vulnerável, insegura e perdida de novo.

Nunca te escondi. Mas também sei que muita coisa deixei por dizer. Por fazer. Até por sentir. Não foi intencional. Não foi mesmo. Queria ser forte. Eu quero sempre ser forte. Proteger-me de tudo e de todos. Com isso, muita coisa se perde. Porque eu não dou espaço para que alguém me estenda a mão quando estou caída. Antes disso, já eu me levantei. Só para não correr o risco de sequer imaginar que não há ninguém para me estender a mão.

E para não correr o risco de te perder. Achei que o melhor era não te ter. Era não te deixar ganhar espaço na minha vida, no meu coração.

Nunca imaginei que afinal já tudo estava fora do meu controle. Que o meu coração já não ia ter paz. Que ia sentir esta amargura e este vazio no peito. Eu pensava que já estava imune a estas coisas. Que uma pessoa forte consegue auto-disciplinar os seus sentimentos e não se permitir sofrer. É ilusão. Era a minha ilusão.

Queria poder apagar estas memórias. Horas, dias, meses em que eu conhecia um pouco mais de ti. Em que eu me encantava com o teu jeito, com a tua forma de me levares, de me adoçares, de me fazeres entender que eu podia sentar no teu colo, deixar-me abraçar e chorar quando eu precisasse chorar. Mas eu achava que isso só iria dar-te ainda mais poder sobre mim. Mas não era uma luta de poder. Ainda assim, eu acabei por sair derrotada. Fui eu quem perdeu. E nunca pensei que os danos fossem tão grandes. Nunca devia ter-te deixado aproximar. Nunca devia ter-te permitido sequer segurar a minha mão, sentir o nosso abraço, o nosso corpo colado, as nossas bocas que teimavam em não se largar. Tudo seria fácil agora. Eu estaria feliz na minha ignorância e não saberia que tu existes. E não estaria assim.

Mas a vida é assim.
Resta-me a doce lembrança de ti, de nós.

Também sei que nunca to disse e que agora é tarde mas... Eras especial e eu gosto de ti.

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