"Quando me estiver a casar e se não for contigo que o faça... vou estar a pensar em ti." E hoje apercebi-me que foi há talvez uns quinze anos que me escreveste esta frase, no tempo em que, sem nos falarmos, trocavamos cartas e mensagens secretas. E eu puxava-te para mim... e depois afastava-te de mim... e voltava a puxar-te e voltava a afastar-te. Decidi que o melhor era não ver-te, era evitar os mesmos espaços, os amigos em comum, aqueles amigos que não sabendo ao certo a nossa história, sempre diziam prensenciar aquela química tão forte quando estávamos perto um do outro.
Não deixei que te aproximasses, continuo a afastar-te mesmo quando te gostava perto. Sempre achei tão puro aquilo que tinhamos um com o outro. Achei, e continuo a achar, a força do teu abraço, a urgência do teu beijo, a inquietude das tuas mãos, tão doces, tão delicadas como se para ti eu fosse uma boneca de porcelana, não daquelas que se tem m
edo de tocar e partir, mas daquelas que se acariciam os cabelos, se dão beijinhos doces e travessos, que dão vontade de nunca desapertar o abraço.
Talvez sejas a memória mais doce da minha adolescência, aquela que vou lembrar sempre com tanto carinho, aquela que decido não estragar, decido não, evito, como te continuo a evitar para bem de ambos, em especial do teu... sei que o final da história termina sempre comigo a fugir de ti, e tu a tentares perceber o porquê. Um dia esse porquê foi a idade, hoje o porquê é bem mais complicado que um preconceito estúpido. Porque somos demasiado diferentes e temos prioridades e formas de vida completamente adversas, e tu acabas por me irritar com a falta de objectivos e eu acabo por te saturar por ser tão mandona, arrogante e mete-nojo. E também... porque sim!
Desconheço se vale a pena privarmo-nos de momentos felizes, mesmo que efémeros. Mesmo que alguém saia certamente magoado. Se fosse eu quem saísse magoada... certamente não teria tantas forças para me privar de momentos assim... únicos, doces, felizes e intensos.
[Desculpa-me. Esquece-me.]