quarta-feira, 6 de junho de 2012

Isto Por Aqui...

Uma coisa é Sharm El Sheikh. Outra coisa é Ramadan City. Não tem águas límpidas nem bebidas à beira da piscina. Tem trânsito caótico-assassino, tem pó e zonas áridas a perder de vista. Tem edifícios inacabados, tem mesquitas abandonadas. Esta é uma realidade que não nos vendem as agências de viagens. Esta é a visão que eu prefiro. É a visão que  me permite conhecer as pessoas com quem trabalho e a sua circunstância. Que me permite compreender as suas atitudes e o porquê de as coisas nem sempre correrem ao ritmo que esperamos. Ao ritmo de uma multinacional alemã.

Aqui, ou noutro lado do mundo, fora de um escritório com ar condicionado e uma visão para as estrelícias gigantes, eu tenho consciência do quão pouco eu sei, do quão inexperiente eu sou e do quanto eu preciso aprender.

As pessoas são de uma hospitalidade incrível, impossível negar-lhes um chá e ficam quase que ofendidas por lhes dizermos que preferimos um copo de água. Seja o chá. O chá que hoje foi o suficiente para o ice break com dois homens que praticamente nos queriam despachar e que acabaram a pedir-nos ajuda para os seus problemas em produção. Aprendemos que é preferível o chá ao café turco.

O Nilo é uma visão deslumbrante, mas a visão que ontem tive do alto do Cairo, é um sonho. As pirâmides, são imponentes mas o ambiente à sua volta, aquelas pessoas todas que se dirigem a nós intimidam um pouco. Não que sejam maldosos, mas estão tão ávidos por dinheiro que, vendo estrangeiros não os largam à espera de uns dólares. Estive em el Khalili, bebi assab de uma taverna que fedia a não sei que animal morto e só me lembro de pensar que não podia fazer a desfeita ao simpático motorista que nos levou a ver o verdadeiro Cairo, comprou-nos tremoços e grão aos quais juntamos sumo de lima. Incrivelmente... adorei. Impossível dizer que não a pessoas tão amáveis.

A Stella é muito boa mas eu prefiro a Sakara. Os senhores do hotel tratam-me como uma princesa, sempre com special offers e bolinhos a acompanharem o espresso, que eu como com dificildade porque não aprecio doces, mas longe de mim desagradá-los. Já sabem o que bebo e estão sempre a perguntar se gosto da comida, claro que  gosto da comida, eu gosto sempre de comida, sou boa boca como dizem por aí.

Os negócios são regateados, os preços nunca são suficientemente baixos e o bluff é tremendo.  Nada como um frente a frente para melhor perceber o que pensam mesmo. Fui tratada como uma deusa no maior cliente que aqui temos, que eu sabia ser enorme mas nunca tão enorme, com edifícios e torres enormes. Tremia de ansiedade, no meio de técnicos e comerciais. Acho que me saí bem, que fui eu e que eles gostam do meu eu.

Não está a ser uma viagem fácil, afinal de contas, não é fácil tentar andar de fato neste calor,fazer quilometros em carros sem ar condicionado e estradas cheias de buracos, onde o trânsito é um salve-se quem puder e a toda a hora parece que um carro vem contra nós. Mas é tão gratificante poder conhecer as pessoas que, antes de verem como nós somos, já nos respeitam, já gostam de nós. Dá-nos motivação para querermos crescer ainda mais, sermos ainda melhores.

Bom, até agora a melhor notícia (ou pior) é que ainda ninguém ofereceu camelos por mim, apesar de já ter recebido propostas para ser a segunda mulher do meu querido motorista de ontem, o Ali! Acho que apesar do cabelo claro, não tenho peso suficiente para  constituir um bom objecto para troca!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Actualidade.

Não, não foi a sentença do Mubarak que causou alvoroço no Cairo.
Foi mesmo a chegada da *XS*.


[A mãe da *XS* disse que se voltarem dois camelos no lugar dela, não haverá problema. Certamente comem menos que ela.]